Vídeo-poema para o «Canto Nono» do poeta italiano Tonino Guerra e elaborado por Cine Povero


A miña caixa de correo recibiu desde Portugal este fermoso Vídeo-poema feito para o «Canto Nono» do poeta italiano Tonino Guerra e elaborado por Cine Povero.
Do poema e do seu autor falamos hai agora un ano nesta anotación da bitácora.
Tonino Guerra (1920-2012) deixounos o 21 de marzo do 2012, na data que anualmente conmemora o Día Mundial da Poesía. «Canto Nono» fai parte do seu libro Il miele (O mel. Rimini: Editore Maggioli, 1981) e conta unha fermosa historia de frades e libros.
Reproduzo máis unha vez o texto orixinal en italiano e a versión ao português que eu teño en O Mel (Assírio e Alvim, 2004, tradução de Mário Rui de Oliveira) e que é a utilizada no Vídeo-poema.
CANTO NONO
Avrà piovuto cento giorni e l’acqua che si è infiltrata
dietro le radici dell’erba
è arrivata in biblioteca e ha bagnato le parole sante
che stavano chiuse dentro il convento.
Quando è venuto fuori il bel tempo,
Saja-Novà che era il frate più giovane
ha portato con le scale tutti i libri sui tetti
aprendoli al sole perché l’aria calda
asciugasse la carta bagnata.
E’ passato un mese di bella stagione
e il frate stava in ginocchio nel cortile
ad aspettare che i libri dessero un segno di vita.
E finalmente una mattina le pagine hanno cominciato
a frusciare leggere nella brezza del vento,
pareva che fossero arrivate le api sui tetti
e lui si è messo a piangere perché i libri parlavano.
CANTO NONO
Terá chovido durante cem dias e a água infiltrada
pelas raízes das ervas
chegou à biblioteca banhando as palavras santas
guardadas no convento.
Quando tornou o bom tempo, Sajat-Novà o frade mais jovem
levou os livros todos por uma escada até ao telhado
e abriu-os ao sol para que o ar quente
enxugasse o papel molhado.
Um mês de boa estação passou
e o frade de joelhos no claustro
esperava dos livros um sinal de vida.
Uma manhã finalmente as páginas começaram
a ondular ligeiras no sopro do vento
parecia que tinha chegado um enxame aos telhados
e ele chorava porque os livros falavam.

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