Poemas (XLVIII): «Memória», de Maria Teresa Horta



(Manuscrito do poema «Memória», tirado do blogue livropelacapa)
Reconfórtanme novas literarias como a que hoxe conta como a escritora portuguesa Maria Teresa Horta, distinguida co Prémio D. Dinis polo romance As Luzes de Leonor, fixo público que non aceptaba recibir a entrega de mans do primeiro-ministro, o conservador Pedro Passos Coelho.
A nova convulsionou as páxinas de cultura de todos os xornais portugueses. Do Jornal de Notícias, reproduzo as razóns expostas pola escritora para o rexeitamento do devandito premio. Velaquí:
“Na realidade eu não poderia, com coerência, ficar bem comigo mesma, receber um prémio literário que me honra tanto, cujo júri é formado por poetas, os meus pares mais próximos – pois sou sobretudo uma poetisa, e que me honra imenso -, ir receber esse prémio das mãos de uma pessoa que está empenhada em destruir o nosso país”, explicou Maria Teresa Horta à Lusa.
“Sempre fui uma mulher coerente; as minhas ideias e aquilo que eu faço têm uma coerência”, salientou a escritora que acrescentou: “Sou uma mulher de esquerda, sempre fui, sempre lutei pela liberdade e pelos direitos dos trabalhadores”.
Para Maria Teresa Horta, “o primeiro-ministro está determinado a destruir tudo aquilo que conquistámos com o 25 de Abril [de 1974] e as grandes vítimas têm sido até agora os trabalhadores, os assalariados, a juventude que ele manda emigrar calmamente, como se isso fosse natural”.
A autora afirmou que “o país está a entrar em níveis de pobreza quase idênticos aos das décadas de 1940 e 1950 e, na realidade, é ele [Passos Coelho], e o seu Governo, os grandes mentores e executores de tudo isto”.
Coñezo a obra de Maria Teresa Horta tan só na súa vertente poética, pois teño lido devagar o volume Poesia Reunida (Dom Quixote, 2009), polo que foi distinguida co Prémio Máxima Vida Literária no 2010.
Reproduzo deseguida o seu poema «Memória», do que tamén podedes ollar un manuscrito da propia autora, ao tempo que a parabenizo pola súa afouta e fulcral coherencia. Apráceme ben ser lector de poetas desta categoría humana, abofé que si.
E dúas ligazóns máis, nesta primeira o artigo «A vigência erótica da memória em poemas de Maria Teresa Horta», do profesor Osmar Soares, e en Google Books (tedes que premer Vista previa do libro) está publicada unha peneira do volume Cem poemas (antologia pessoal): 22 inéditos, cun excelente prefacio intitulado «Arma de boca, ardor de palavras» que asina Ida Ferreira Alves.
Memória
Retenho com os meus dentes
a tua boca entreaberta
e as palmas das mãos
dormentes
resvalam brandas e certas
As tuas mãos no meu peito
e ao longo
das minhas pernas

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