Poemas (XLIX): «To the Autumn» (Oda ao Outono), de John Keats


(Primeira e segunda páxina do manuscrito do poema, tirado de englishhistory.net. Premer na imaxe para unha mellor lectura)
O ano pasado saudamos a chegada do outono nesta bitácora cun fermoso e breve poema de Uxío Novoneira, musicado por Emilio Cao, e con outro texto da miña autoría pertencente ao sonetario Ausencias pretéritas, onde se inclúe unha segunda parte (das seis que compoñen o volume) con dez sonetos baixo o encabezamento «De ti e do outono».
Desta volta este saúdo vai ser botando man do coñecido e mítico poema de John Keats «To Autumn», do que ofrezo o texto acompañado do manuscrito e unha tradución portuguesa do poeta António Simões.
To Autumn
Season of mists and mellow fruitfulness,
Close bosom-friend of the maturing sun;
Conspiring with him how to load and bless
With fruit the vines that round the thatch-eves run;
To bend with apples the moss’d cottage-trees,
And fill all fruit with ripeness to the core;
To swell the gourd, and plump the hazel shells
With a sweet kernel; to set budding more,
And still more, later flowers for the bees,
Until they think warm days will never cease,
For summer has o’er-brimm’d their clammy cells.
Who hath not seen thee oft amid thy store?
Sometimes whoever seeks abroad may find
Thee sitting careless on a granary floor,
Thy hair soft-lifted by the winnowing wind;
Or on a half-reap’d furrow sound asleep,
Drows’d with the fume of poppies, while thy hook
Spares the next swath and all its twined flowers:
And sometimes like a gleaner thou dost keep
Steady thy laden head across a brook;
Or by a cyder-press, with patient look,
Thou watchest the last oozings hours by hours.
Where are the songs of spring? Ay, where are they?
Think not of them, thou hast thy music too, –
While barred clouds bloom the soft-dying day,
And touch the stubble-plains with rosy hue;
Then in a wailful choir the small gnats mourn
Among the river sallows, borne aloft
Or sinking as the light wind lives or dies;
And full-grown lambs loud bleat from hilly bourn;
Hedge-crickets sing; and now with treble soft
The red-breast whistles from a garden-croft;
And gathering swallows twitter in the skies.
ODE AO OUTONO
1
Estação de neblinas, doce e fecunda!
Companheira íntima do sol, com ele vais,
Quando ele abençoa e inunda
De frutos as videiras junto dos beirais;
Pra vergar de maçãs a musgosa macieira
E a fruta por inteiro tornar madura
Pra inchar as cabaças, prà avelã ficar gorda
Com uma doce amêndoa; há flores com fartura
Pra que a abelha as tenha sempre que queira
E pense haver dias quentes a vida inteira,
Pois o verão seus favos pegajosos transborda .
2
Quem não te viu já de fartura rodeada?
Às vezes, quem te procura sob outros céus,
No chão dum celeiro encontra-te descuidada,
O vento da limpeza ergue-te os cabelos.
Ou num rego meio-ceifado, em fundo torpor,
Tonta do perfume das papoulas, parada
A foice, junto da ceara a ceifar te demoras;
Às vezes, tens direita, qual rebuscador1,
A pesada cabeça, ao passar a ribeira;
Ou, junto de a prensa, observas tranquila
A cidra a gotejar no fluir das horas.
3
Que é das canções da Primavera? Onde hão-de estar?
Esquece-as, tua música também tem valor –
Nuvens orlam o dia morrendo devagar
Tingem os restolhos de sua rósea cor;
De os mosquitos a dorida serrazina,
Crescente, entre os salgueiros do rio se ouvia,
Diminuindo, se o vento fica mais brando;
Os cordeiros balem na próxima colina;
Cantam grilos, alto, mas cheios de harmonia,
Num quintal, pisco vermelho assobia,
E as andorinhas chilreiam nos céus em bando.
John Keats (1795-1821)
in Antologia de Poesia Anglo-Americana – De Chaucer a Dylan Thomas, edição bilingue, pp. 239 e 241, Selecção, tradução, prefácio e notas de António Simões, edição Campo das Letras, Outubro de 2002

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