Poemas (LXII): «Destino», de Urbano Tavares Rodrigues


Destino
I
Trago na fonte
e estrela do fogo
da minha revolta
Nunca aceitaria qualquer tirania
nem a do dinheiro
nem a do mais justo ditador
nem a própria vida eu aceito…
tal como ela é
com todas as promessas
do amor e da juventude
e a parda doença
de envelhecer
a morte em cada dia
antecipada
II
Na mais lebrega alfurja
ou na cama de folhas macias
da floresta
onde a chuva te adormeceu
há sempre um idamante de sol
cujos raios te penetram de
ventura
ao sonhares a palavra
liberdade
III
Quando a terra poluída
tiver sorvido
toda a água dos lagos e das
fontes
hei-de levar o meu fantasma
até ao porto sonoro
onde a esperança cai a pique
sobre o mar dos desejos sem limite
Horas de Vidro, Urbano Tavares Rodrigues
Nota bene: A exhaustiva entrada portuguesa na Wikipedia non recolle na súa obra o magnífico libro de poemas Horas de Vidro, ao que pertence «Destino».

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