Poemas (LXXXII): «Versos controversos», de Ashraf Fayadh

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(Con probabilidade Autorretrato, tirado de Instagram e que reproduzo desde o xornal Irish News, onde se pode ler unha escolla de poemas. Debaixo a cuberta dun dos seus libros. Premer nas imaxes para agrandar o tamaño)
Ashraf Fayadh (Khan Yunis, Gaza, 1980) é un poeta árabe, de orixe palestiniana, que está condenado a pena de morte na Arabia Saudí. Desde hai semanas moitas asociacións de escritores/as (onte mesmo veu de o facer o Pen Clube mexicano), de dereitos humanos (Amnesty International), sociais e políticas e milleiros de persoas a nivel individual teñen expresado a súa solidariedade co poeta e a conmutación desa pena de morte que seica está baseada en romper preceptos do islam e facer propaganda do ateísmo a través da súa poesía.
Tamén a xente da literatura, sen ir máis lonxe onte mesmo a escritora mexicana Elena Poniatowska, a quen moito admiramos e que foi nomeada Escritora Galega Universal en maio de 2009 pola AELG) publicou no xornal mexicano La Jornada, o artigo «El Pen Club en defensa de Ashraf Fayadh».
A día de hoxe (lembreino grazas ao poeta Ramiro Torres) tan só hai un poema de Ashraf Fayadh versionado ao galego, “O bigode de Frida Khalo”, por Francisco Fernández Naval, na súa imprescindible bitácora A noite branca. (Habería que animar ao poeta Moncho Iglesias que tan ben coñece o mundo arábe a traducir un libro). Endebén a revista dixital galega Palavra Comum vén de publicar unha escolla de Poemas de Ashraf Fayadh, em tradução de José Pinto (I), que promete continuidade.
Deseguida reproduzo os versos publicados co meu agradecemento a Palavra Comum por os faceren públicos, ao tempo que fago un chamamento para asinar aquí contra a condena a morte de Ashraf Fayadh.
Agradecimento: a Mona Kareem, poeta, ativista e amiga de Ashraf Fayadh, pelo esclarecimento generoso do significado e do sentido de certas palavras e expressões árabes, que enriqueceu terminantemente a tradução.
Nota de Palavra Comum: agradecemos a José Pinto ter escolhido esta revista para a publicação das traduções dos poemas, com a vontade de partilhá-las com o público interessado.
À voz de Ashraf Fayadh,
à busca da verdade,
à coragem do grito
Versos controversos
Traduzido por José Pinto, a partir da tradução em inglês de Mona Kareem.
Originais na coleção de poesia do autor Instructions Within, 2008
1
it was said: settle there..
but some of you are enemies for all
so leave it now
look up to yourselves from the bottom of the river;
those of you on top should provide some pity for those underneath..
the displaced is helpless,
like blood that no one wants to buy in the oil market!
***
foi-nos dito: instalem-se aqui…
mas alguns de vós não são senão inimigos
por isso partam imediatamente
aprecio-vos do fundo do rio;
vós, no topo, devíeis doar alguma pena aos que estão abaixo…
o refugiado é indefeso,
como sangue que ninguém quer comprar no mercado do petróleo!
2
pardon me, forgive me
for not being able to pump more tears for you
for not mumbling your name in nostalgia.
I directed my face at the warmth of your arms
I got no love but you, you alone, and am the first of your seekers.
***
perdoa-me, desculpa-me
por já não ser capaz de chorar por ti
por não murmurar o teu nome com saudade.
voltei a cara para o calor dos teus braços
não tive amor senão tu, somente tu, e eu sou o primeiro dos que te buscam.
3
night,
you are inexperienced with Time
lacking rain drops
that could wash away all the remains of your past
and liberate you of what you had called piety..
of that heart.. capable of love,
of play,
and of intersecting with your obscene withdrawal from that flabby religion
from that fake Tanzeel
from gods that had lost their pride..
***
noite,
não sabes do Tempo
faltam gotas de chuva
que lavassem os restos do teu passado
e te libertassem do que chamaste piedade…
desse coração… capaz de amar,
de brincar,
e de confrontar-se com a tua fuga desonesta daquela religião flácida
daquele Tanzeel* falso
dos deuses que perderam o orgulho…
* Palavra árabe de dimensão teológica utilizada para descrever como Deus ditou as palavras do Corão ao profeta Maomé.
4
you burp, more than you used to..
as the bars bless their visitors
with recitations and seductive dancers..
accompanied with the DJ
you recite your hallucinations
and speak your praise for these bodies swinging to the verses of exile.
***
arrotas mais do que nunca…
enquanto os bares abençoam os visitantes
com recitações e sedutoras dançarinas…
acompanhado pelo dj
recitas as tuas alucinações
e teces elogios aos corpos que balançam nos versos do exílio.
*
Para a petição de Amnistia: Free Ashraf, poet facing execution in Saudi Arabia (Amnesty International UK)

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