Poemas (LXI): «Sotaque da terra», de Mia Couto


A estadía duns días por terras minhotas veu coincidir coa celebración da XXIII Feira do Livro en Arcos de Valdevez e alí, co 20% de desconto (que me sorprendeu pois as nosas feiras só andan no dez) merquei varios libros, entre eles Raiz de Orvalho e Outros Poemas (Caminho, 2009, col. outras margens, 4ª edição) do escritor mozambicano Mia Couto, a quen xa coñecía como narrador mais non coma poeta.
O volume é «uma recolha de poemas con datas diversas, com temas diversos, con um conjunto de novos poemas (todos da década de 80) e selecção de outros que faziam parte da ediçao moçambicana, publicada em Maputo, em 1983, com o título Raiz de Orvalho».
Deses Outros Poemas reproduzo un dos que máis me interesou. Velaquí.
Sotaque da terra
Estas pedras
sonham ser casa
sei
porque falo
a língua do chão
nascida
na véspera de mim
minha voz
ficou cativa do mundo,
pegada nas areias do Indico
agora
ouço em mim
o sotaque da terra
e choro
com as pedras
a demora de subirem ao sol
Junho 1986
Mia Couto

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